Marcelo Oliveira
Em agosto deste ano, representantes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), uma agência especializada das Nações Unidas (ONU), devem vir para a Região Central para uma visita ao Geoparque Quarta Colônia. Este é a última fase do processo de recebimento do Selo Geoparque, quando ocorre a avaliação da candidatura da Quarta Colônia e é emitida uma Carta Verde ou negativa da Unesco.
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Nesta sexta-feira, o secretário Turismo do Rio Grande do Sul, Raphael Ayub, acompanhado de outras autoridades, esteve na região Central para conhecer a proposta e as potencialidades dos nove municípios que são parte do Geoparque. A primeira agenda foi em São João do Polêsine, onde ele visitou Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (CAPPA). O patrimônio paleontológico com fósseis de 250 milhões de anos é um dos pontos fortes do projeto da região, já que um dos requisitos para se tornar um Geoparque é possuir importância científica, cultural, paisagística, geológica, arqueológica, paleontológica e histórica.
– Nosso objetivo é criar um comitê gestor reunindo todos os Geoparques, os que têm selo da Unesco e que não tem ainda, para que a gente possa trocar experiências e fomentar as iniciativas. A gente entende que a região toda ganha com isso. São duas vertentes: tanto da parte do turismo e também para atrair investimentos internacionais para estes locais. Colocando a Quarta Colônia na rota internacional conseguimos acelerar o processo de desenvolvimento do turismo para promover trabalho e renda – avalia Ayub.
Geoparque como ferramenta de fortalecimento das potencialidades locais
Cozinha do Espaço Multidisciplinar de Pesquisa e Extensão da UFSM em Silveira Martins foi inaugurada para oferecer almoço italiano à comitiva
Na sequência, a comitiva visitou Silveira Martins, uma das cidades integrantes do Geoparque Quarta Colônia. No local, eles conheceram o projeto Progredir, coordenado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A iniciativa foi lançada em abril deste ano e promove cursos com temáticas sobre cultura e turismo. A qualificação profissional, prioritariamente, é focada em mulheres entre 18 e 29 anos inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico). No Espaço Multidisciplinar de Pesquisa e Extensão da UFSM no município foi servido um almoço tipicamente italiano, reforçando outro potencial da região: o turismo gastronômico.
A proposta do Geoparque pretende envolver a população da cada cidade, o desenvolvimento sustentável, a manutenção do patrimônio, o fortalecimento da identidade local e a geração de renda a partir deles.
– Aqui na Quarta Colônia, por exemplo, temos uma cutelaria que, a partir dos dinossauros encontrados na região, começou a desenvolver cabos e cortes especiais para as facas. Tem uma agroindústria que faz bolacha de mel e mudou a forma, agora faz em formato de dinossauros, faz o maior sucesso. É incrível as possibilidades de agregar valor aos produtos que já temos, que vai desde o artesanato até grandes empreendimentos – afirma o pró-reitor de Extensão da UFSM, Flavi Lisboa.
O secretário de Turismo do Estado também participa, ainda nesta sexta, de uma reunião com o reitor da UFSM, Luciano Schuch, e da apresentação do Geoparque Caçapava do Sul Aspirante Unesco e do Polo de Geoturismo e Cultura da Região Central.
As belezas naturais da Quarta Colônia são um dos pontenciais da região para garantir o selo Unesco para o Geoparque
O que é um Geoparque?
Os Geoparques são territórios de um ou mais municípios, reconhecidos pela Unesco como regiões que possuem importância científica, cultural, paisagística, geológica, arqueológica, paleontológica e histórica. Nesses locais a “Memória da Terra” é preservada e utilizada de forma sustentável para gerar desenvolvimento para a sua comunidadeAo final de 2020, existiam 161 Geoparques Mundiais da Unesco em 44 países. No Brasil, o Geoparque Araripe é o único Geoparque Mundial do paísPara se tornar um Geoparque são três etapas: apresentação da proposta, com pequenas iniciativas e articulações; o projeto de Geoparque é enviado pelo Itamaraty para a Unesco, que após esta etapa, recebe o reconhecimento de Aspirante a Geoparque; e, por último, é elaborado um dossiê de candidatura do geoparque à Unesco, onde ocorre a avaliação e é, então, realizada uma visita do avaliador para certificação ou não do Geoparque através do recebimento da Carta Verde ou negativa da UnescoO Geoparque Quarta Colônia é formado pelos municípios de Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, Restinga Sêca, São João do Polêsine e Silveira Martins